Saúde cria sala de situação para monitorar hepatite aguda em crianças
O Ministério da Saúde instalou uma sala de
situação para monitorar casos de hepatite aguda infantil de origem
desconhecida. Segundo a pasta, a proposta é apoiar a investigação de casos da
doença notificados em todo Brasil, além de levantar evidências para identificar
possíveis causas para a enfermidade.
Na última atualização realizada pela Secretaria
de Vigilância em Saúde do ministério, 44 casos da doença haviam sido
notificados no país. Desses, três foram descartados e os demais permanecem em
monitoramento. Os casos foram reportados nos estados de São Paulo (14), Minas
Gerais (7), Rio de Janeiro (6), Paraná (2), Pernambuco (3), Santa Catarina (3),
Rio Grande do Sul (3), Mato Grosso do Sul (2) e Espírito Santo (1).
A sala de situação foi aberta nesta sexta-feira
(13), vai funcionar todos os dias da semana e conta com a participação de
técnicos da pasta, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e de
especialistas convidados.
Além de monitoramento, a sala vai padronizar
informações e orientar os fluxos de notificação e investigação dos casos para
todas as secretarias estaduais e municipais de saúde, bem como para os
laboratórios centrais e de referência de saúde pública. "O objetivo também
é contribuir para o esforço internacional na busca de identificação do agente
etiológico responsável pela ocorrência da hepatite aguda de causa ainda
desconhecida", informou o ministério.
No último dia 10, a pasta participou de reunião
com um grupo de especialista junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) e
representantes de oito países (Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Canadá,
França, Portugal, Colômbia e Argentina) nas áreas técnicas de emergências em
saúde pública, infectologia, pediatria e epidemiologia, para discutir
evidências disponíveis até o momento.
Um dia antes, a pasta publicou uma nota técnica
com orientação para secretarias estaduais e municipais de saúde sobre a
notificação, a investigação e o fluxo laboratorial de casos prováveis de
hepatite aguda de etiologia desconhecida em crianças e adolescentes. Como as
evidências sobre a doença ainda são muito dinâmicas, a sala de situação deve
atualizar periodicamente as orientações.
O que se sabe
A hepatite de origem desconhecida já acometeu
crianças em, pelo menos, 20 países. A doença se manifesta de forma muito severa
e não tem relação direta com os vírus conhecidos da enfermidade. Em cerca de
10% dos casos, foi necessário realizar transplante de fígado.
Segundo a OMS, mais de 200 casos, até o último
dia 29, haviam sido reportados no mundo, a maioria (163) no Reino Unido. Houve
relatos também na Espanha, em Israel, nos Estados Unidos, na Dinamarca, na
Irlanda, na Holanda, na Itália, na Noruega, na França, na Romênia, na Bélgica e
na Argentina. A doença atinge principalmente crianças com um mês de vida aos 16
anos. Até o momento, foi relatada a morte de um paciente.
Em comunicado divulgado no dia 23 de abril, a
OMS disse que não há relação entre a doença e as vacinas utilizadas contra a
covid-19. “As hipóteses relacionadas aos efeitos colaterais das vacinas contra
a covid-19 não têm sustentação pois a grande maioria das crianças afetadas não
recebeu a vacinação contra a covid-19”.
Em nota divulgada no início de abril, a Agência
Nacional de Saúde do Reino Unido, país com maior número de casos relatados,
também informou que não há evidências de qualquer ligação da doença com a
vacina contra o coronavírus. “A maioria das crianças afetadas tem menos de 5
anos, jovens demais para receber a vacina”.
Sintomas
De acordo com a Opas, braço da OMS nas Américas
e no Caribe, os pacientes com hepatite aguda apresentaram sintomas
gastrointestinais, incluindo dor abdominal, diarreia, vômitos e icterícia
(quando a pele e a parte branca dos olhos ficam amareladas). Não houve registro
de febre.
O tratamento atual busca aliviar os sintomas e
estabilizar o paciente se o caso for grave. As recomendações de tratamento
devem ser aprimoradas assim que a origem da infecção for determinada. Os pais
devem ficar atentos a sintomas como diarreia ou vômito e a sinais de icterícia.
Nesses casos, deve-se procurar atendimento médico imediatamente. O detalhamento
dos sintomas da doença pode ser encontrado no site da Opas.
Fonte: Agência Brasil
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