Seca histórica no Hemisfério Norte afeta economia global
A seca severa em todo o Hemisfério Norte, desde
a Califórnia, no oeste dos Estados Unidos, passando pela Europa, e atingindo a
China, está prejudicando ainda mais as cadeias de suprimentos e contribuindo
para a elevação dos preços dos alimentos e da energia.
É mais um ingrediente a pressionar a economia
mundial, afetada pelas medidas de isolamento social decretadas em praticamente
todo o globo a partir de 2020 para conter a pandemia de covid-19 e pela guerra
na Ucrânia, iniciada em fevereiro pela Rússia. A estiagem e o calor intenso
afetam de maneira determinante a Europa, que não consegue armazenar energia
para o inverno: está gastando muito neste escaldante verão e a Rússia, de quem
depende muito em energia, tem diminuído o fornecimento de gás e óleo. A seca
também atinge a geração de eletricidade, a agricultura, a indústria e o
turismo.
Na China, algumas províncias já determinaram a
paralisação de algumas indústrias por falta de energia hidrelétrica. No centro
e sudoeste da China, as autoridades declararam medidas de racionamento para
enfrentar a seca. A província de Sichuan, no sudoeste, foi a mais atingida pela
queda das chuvas, pois depende muito da energia hidrelétrica para a
eletricidade. As altas temperaturas aumentaram a demanda por ar-condicionado,
ameaçando sobrecarregar a rede elétrica.
O Centro Nacional do Clima da China informou
que o país vive a mais longa onda de calor desde que os registros começaram, em
1961. De acordo com um estudo liderado pela Universidade da Califórnia, no
oeste norte-americano, uma seca que começou há duas décadas agora parece ser a
pior em 1,2 mil anos. Nos Estados Unidos, os analistas agrícolas esperam que os
agricultores percam mais de 40% da safra de algodão, enquanto na Europa a
colheita de azeite espanhol deve cair até um terço em meio a condições quentes
e secas.
O nível do Rio Colorado caiu tanto que o
escritório encarregado de gerenciar barragens e hidrelétricas, subordinado ao
Departamento do Interior, declarou, em 16 de agosto, estado de escassez hídrica
e consequentes cortes obrigatórios de água no Arizona, Nevada e México. Na
Europa, o cientista Andrea Toreti, do Centro Conjunto de Pesquisa da Comissão
Europeia, disse que a seca que afeta Espanha, Portugal, França e Itália poderá
ser a pior em 500 anos. Rios como o Reno e o Po, na Itália, essenciais ao
transporte de mercadorias, estão nos menores níveis já registrados,
dificultando a navegabilidade.
A queda do nível dos rios também reduziu a
geração de energia hidrelétrica em todo o continente, afetando uma fonte
alternativa importante ao gás natural, também escasso em razão dos problemas
com a Rússia. A baixa do Reno também está afetando o transporte e o sistema de
barragens da Holanda. Cientistas do clima dizem que os períodos de seca deste
ano se devem em parte ao La Niña, um padrão cíclico de água mais fria no leste
do Oceano Pacífico que empurra a corrente atmosférica para o norte, deixando
partes da Europa, Estados Unidos e Ásia com menos chuva.
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