Dívida Pública caiu 0,4% em agosto e ficou em R$ 5,78 trilhões
O alto volume de vencimentos fez a Dívida Pública Federal (DPF) cair em agosto. Segundo números divulgados ontem (28) pelo Tesouro Nacional, a DPF passou de R$ 5,804 trilhões em julho para R$ 5,781 trilhões no mês passado, baixa de 0,4%. Apesar da queda em agosto, o Tesouro prevê que a DPF subirá nos próximos meses. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), apresentado no fim de janeiro, o estoque da DPF deve encerrar 2022 entre R$ 6 trilhões e R$ 6,4 trilhões.
A Dívida Pública Mobiliária (em títulos)
interna (DPMFi) caiu 0,42%, passando de R$ 5,559 trilhões em julho para R$
5,536 trilhões em agosto. No mês passado, o Tesouro resgatou R$ 56,53 bilhões
em títulos a mais do que emitiu, principalmente em papéis corrigidos pela inflação.
O resgate líquido foi parcialmente compensado pela apropriação de R$ 33,46
bilhões em juros. Por meio da apropriação de juros, o governo reconhece, mês a
mês, a correção dos juros que incide sobre os títulos e incorpora o valor ao
estoque da dívida pública. Com a taxa Selic (juros básicos da economia) subindo
desde março do ano passado, a apropriação de juros aumenta.
No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 143,45
bilhões em títulos da DPMFi. Com o alto volume de vencimentos em agosto, os
resgates somaram R$ 199,98 bilhões. Somente em títulos vinculados à inflação, o
resgate chegou a R$ 197,37 bilhões.
A leve queda do dólar em agosto também
contribuiu para segurar o endividamento do governo. A Dívida Pública Federal
externa (DPFe) ficou estável, subindo apenas 0,02%. O indicador passou de R$
245,81 bilhões em julho para R$ 245,85 bilhões em agosto. O principal fator foi
o recuo de 0,18% do dólar no mês passado.
Pelo segundo mês seguido, o colchão da dívida
pública (reserva financeira usada em momentos de turbulência ou de forte
concentração de vencimentos) caiu. Essa reserva passou de R$ 1,178 trilhão em
julho para R$ 1,146 trilhão no mês passado. Segundo o Tesouro Nacional, esse
recuo deveu-se ao resgate líquido observado em agosto. Atualmente, o colchão cobre
quase um ano de vencimentos da dívida pública. Nos próximos 12 meses, está
previsto o vencimento de R$ 1,243 trilhão em títulos federais.
O alto volume de vencimentos mudou a composição
da DPF. A fatia de títulos prefixados (com rendimento definido no momento da
emissão) subiu de 25,75% para 27,06%. O PAF prevê que a parcela da Dívida
Pública Federal corrigida por esse indicador terminará o ano entre 24% e 28%. O
Tesouro tem lançado menos papéis prefixados, por causa da turbulência no
mercado financeiro nos últimos meses. Esses títulos têm demanda maior em
momento de estabilidade econômica.
A proporção dos papéis corrigidos pelos juros
básicos subiu de 37,77% para 39,16%. O PAF prevê que o indicador feche 2022
entre 38% e 42%. Esse tipo de papel voltou a atrair o interesse dos compradores
por causa das recentes altas da Selic. Por causa da concentração de vencimentos
em agosto, a fatia de títulos corrigidos pela inflação na DPF caiu fortemente,
de 31,99% para 29,28%. O PAF prevê que os títulos vinculados à inflação
encerrarão o ano entre 27% e 31%.
Composto por antigos títulos da dívida interna
corrigidos em dólar e pela dívida externa, o peso do câmbio na dívida pública
passou de 4,49% para 4,5%. A dívida pública vinculada ao câmbio está dentro dos
limites estabelecidos pelo PAF para o fim de 2022, entre 3% e 7%.
As instituições financeiras seguem como principais detentoras da Dívida Pública Federal interna, com 30,2% de participação no estoque. Os fundos de investimento, com 24,6%, e os fundos de pensão, com 22,2%, aparecem em seguida na lista de detentores da dívida.
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