Previdência privada responde pelo sustento de 3% dos aposentados
A previdência privada ainda é pouco disseminada
na população brasileira – apenas 3% dos aposentados têm a modalidade como parte
do sustento. A conclusão está na pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro,
feita pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais (Anbima), em parceria com o Datafolha.
Os recursos do Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) são a fonte de renda de 92% dos aposentados brasileiros. Segundo
a Anbima, o percentual de aposentados que recorrem à previdência complementar é
o mesmo dos que vivem de salário próprio ou de suas empresas (3%), o que quer
dizer que ainda há uma parcela de aposentados que trabalha.
Recursos provenientes da família ou filhos
foram citados por 2% dos aposentados. Rendas de pensão, aluguel de imóveis e
aplicações financeiras contribuem para 1% dos aposentados, cada modalidade. Segundo
o superintendente de Comunicação, Certificação e Educação de Investidores da
Anbima, Marcelo Billi, um dos fatores que levam à baixa adesão à previdência
privada, apesar de benefícios tributários e a possibilidade de contribuição das
empresas para aposentadoria dos empregados, é que os brasileiros não conseguem
separar renda para investir.
“Uma pequena parcela da população consegue
poupar. Cerca de 70% da população não consegue fazer sobrar renda no fim do
mês. Dos 31% que tinham algum investimento no final de 2021, só 6% conseguiram
fazer uma aplicação naquele ano”, disse, citando outros dados da pesquisa. Billi
acrescentou que a crise gerada pela pandemia de covid-19 tornou ainda mais
difícil separar renda para o futuro. “Há, portanto, um fator conjuntural, com
perda de renda pelos brasileiros, e um comportamental, que é não pensar no
futuro”, acrescentou.
Classe social
Na análise por classe social, a dependência do
INSS é semelhante entre a A/B (94%) e a C (93%), enquanto o índice da D/E ficou
um pouco menor (89%). Porém, diz a Anbima, as pessoas das classes A e B são
mais adeptas da previdência privada (8%) do que as da C (3%) e da D e E (1%) e
ainda contam com a renda de seus salários ou empresas (5%), proporção menor
entre os grupos da classe C (3%) e D/E (3%).
Expectativa
De acordo com a Anbima, para 55% dos que não se
aposentaram, a renda quando pararem de trabalhar virá do INSS, com pequena
variação entre a classe C (58%) e a D/E (56%). Nas classes A e B, o percentual
foi 48%. Ainda entre os não aposentados, 20% apontaram que seu sustento na
aposentadoria virá do próprio trabalho, mostrando que muitos não pensam em sair
da ativa, acrescentou a entidade. Apenas 10% dos entrevistados indicaram que
seu sustento virá de aplicações financeiras, sendo o percentual bem maior nas
classes A/B (22%), menor para classe C (8%) e menor ainda para as D/E (2%). A
previdência complementar à pública também aparece como uma opção pouco popular
entre os não aposentados: somente 5% dessas pessoas a citou como sustento no
período futuro de aposentadoria.
Incentivo
Billi acrescentou que as empresas de
previdência privada precisam esclarecer melhor a população sobre os produtos
que oferecem. “O mercado financeiro ainda tem muito jargão e as pessoas acham
que o produto não é para elas. É um mercado muito regulado, mas é preciso
tornar os produtos mais amigáveis, como fez a indústria farmacêutica com as
bulas de remédio”.
Outro fator que ele considera que precisa mudar
é que os investidores devem aprender a buscar produtos financeiros adequados ao
seu perfil e não o “investimento da vez”. Ele também considera que é preciso
definir estratégias para ajudar a impulsionar a adesão à previdência
complementar. Por exemplo, para ele, seria melhor se a adesão fosse automática
e o empregado que não quisesse, teria de informar essa decisão, assim como
acontece com o Cadastro Positivo (lista de bons pagadores), atualmente.
Custo de vida
Com relação ao aumento do custo de vida, diz a
Anbima, 67% dos aposentados apontaram o aumento de despesas após a
aposentadoria. Para as classes C e D/E, essa percepção foi maior, com índices
de 69% e 70%, respectivamente, e para a A/B, 59%. Pelo prisma dos não
aposentados, quando questionados se acreditam que suas despesas aumentarão após
a aposentadoria, somente 46% responderam de maneira afirmativa.
Quando perguntados sobre suas vidas
financeiras, 43% dos aposentados declaram que houve uma piora comparativamente
com o período de vida anterior. O índice é maior para as classes C (46%) e A/B
(42%). Os percentuais contrastam com a expectativa dos não aposentados: somente
22% deles acreditam que a vida financeira será pior quando pararem de
trabalhar.
Raio X do investidor brasileiro
As entrevistas aconteceram presencialmente
entre os dias 9 e 30 de novembro de 2021, com 5.878 pessoas das classes A e B,
C e D e E, de 16 anos ou mais, nas cinco regiões do país. A margem de erro da
pesquisa é de um ponto porcentual para mais ou para menos, dentro do nível de
confiança de 95%. A amostra é composta por pessoas economicamente ativas,
aposentadas e inativas que possuem ou não renda. A estimativa é que esse perfil
corresponda a 167,9 milhões de habitantes.
Guia
O Ministério da Economia tem um guia disponível
na internet para ajudar quem quer entender melhor sobre a previdência privada.
É o Previdência Complementar para Todos: Guia para a população brasileira se
preparar melhor para a aposentadoria.
Fonte: EBC
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